A data simbólica para os militares era celebrada no calendário oficial do Exército anualmente. No site da Força, o 31 de março constava da lista de datas comemorativas (hoje são 23), mas foi retirado este ano. Na ordem do dia nos quartéis do País, comandantes costumavam fazer discursos exaltando o movimento que resultou na ditadura.
Na quinta-feira passada (31 de março), foi cancelada de última hora a palestra do general-de-exército Augusto Heleno, então diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia, sobre “A contrarrevolução que salvou o Brasil”, por determinação do ministro da Defesa, Nelson Jobim, cumprida pelo comandante do Exército, general Enzo Peri. Como Jobim já era ministro de Lula e as comemorações nunca foram proibidas, a ordem é atribuída a Dilma.
De acordo com José Genoino, assessor especial do Ministério da Defesa, “Jobim conduziu com as Forças Armadas um trabalho para que não houvesse comemorações nem retaliações no dia 31 de março”.
Ao lado do comandante do Exército, Enzo Peri, e do ministro da Defesa, Nelson Jobim, Dilma Rousseff recebe condecorações militares |
Por ter integrado organizações da luta armada durante a ditadura, Dilma Rousseff enfrenta resistência de setores das Forças Armadas, especialmente entre os militares mais antigos e os da reserva. Em sites de militares da reserva ou reformados, é comum ver críticas e acusações contra a presidenta, que é chamada de “terrorista”, devido a sua participação na Polop (Política Operária), Colina (Comando de Libertação Nacional) e VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, fusão da VPR com Colina).
A presidenta afirma nunca ter participado pessoalmente de ações armadas, embora admita sua filiação às organizações guerrilheiras. Foi presa em janeiro de 1970 em São Paulo e submetida a torturas. Condenada a seis anos de prisão, teve a pena reduzida a dois anos e um mês.
Fonte: IG